Uma equipa de cientistas em Itália, que inclui uma portuguesa, descobriu um mecanismo nas células que pode abrir novos caminhos na investigação de doenças como a de Alzheimer.
“Descobrimos um mecanismo básico nas células”, começou por explicar à agência Lusa Lígia Gomes, aluna de doutoramento da Universidade de Coimbra, a fazer investigação na Universidade de Pádua, em Itália.
Ao descobrir esse mecanismo, publicado na revista Nature Cell Biology, a equipa percebeu como tornar mais eficientes as mitocôndrias, estruturas que produzem energia nas células. “Não tem uma aplicação direta na cura de uma doença, mas pode abrir muitas portas”, disse Lígia Gomes.
Ao fazer com que as mitocôndrias se devorassem a si próprias (o que também ocorre naturalmente), a equipa descobriu que elas mudam de forma e tornam-se mais eficientes. Se essas mudanças não ocorressem, a sobrevivência das próprias células estaria em causa. Mais de cem doenças estão ligadas a problemas com as mitocôndrias.
A descoberta de um novo papel das mitocôndrias, explicou ainda Lígia Gomes, pode ajudar na investigação de diversas doenças: “É uma desregulação que está envolvida em várias doenças. Nalgumas, como a doença de Huntington (neurodegenerativa), sabemos que as mitocôndrias estão fragmentadas. Se evitarmos isso, garantimos a sobrevivência das células.”
Pode ainda ajudar na descoberta de novas estratégias para controlar a sobrevivência das células – e evitar que morram em excesso, como nas doenças de Alzheimer e Parkinson – ou controlar a sua sobrevivência descontrolada nos cancros.
in jornal «Público», 16/04/11