RESUMO EM PORTUGUÊS SOBRE A INVESTIGAÇÃO NA DOENÇA DE HUNTINGTON EM 2020

A Associação Huntington Europeia organizou um Webinar no final de 2020 onde a Prof. Anne Rosser, o Dr. Ralf Reilmann e a Dr. Alzbeta Mühlbäck resumiram os maiores acontecimentos na investigação da doença de Huntington em 2020 e fizeram algumas previsões acerca do que é que a comunidade Huntington global pode esperar em 2021.

Fica aqui um resumo dos principais tópicos abordados, em Português, bem como a gravação do Webinar, em Inglês.

O estudo Enroll-HD está novamente a decorrer, depois de ter sido bastante afectado pela COVID-19. O Enroll-HD é uma importante plataforma que pode ser utilizada por outros projectos científicos, quer através da sua recolha de dados, quer através dos centros clínicos já estabelecidos. Alguns exemplos de estudos que surgem através desta plataforma do Enroll-HD são o PACE-HD e o HDClarity. Saiba mais sobre o Enroll-HD aqui.

O estudo PACE-HD acabou em 2020 e descobriu que “a actividade física é o melhor medicamento para a doença de Huntington”. Saiba mais sobre o PACE-HD aqui.

O estudo HDClarity está ainda a decorrer. Este estudo implica fazer uma colheita de líquido cefalorraquidiano (CSF) para que os investigadores consigam medir os níveis da proteína huntingtina mutada. Através desta medição dos níveis da proteína causadora da doença, consegue-se monitorizar o desenvolvimento da doença de Huntington e avaliar se um fármaco funciona ou não. Saiba mais sobre o HDClarity aqui.

Há vários ensaios clínicos a decorrer com fármacos e terapias para redução da huntingtina. O laboratório farmacêutico Roche está a estudar um fármaco designado “Tominersen”. O recrutamento de participantes para este ensaio clínico terminou em 2020. Durante aproximadamente 2 anos, 800 pessoas com doença de Huntington irão participar no estudo do Tominersen. Espera-se que os resultados finais sejam conhecidos no início de 2023/final de 2022. Nessa altura, saberemos se a redução da huntingtina realmente melhora os sintomas da doença e/ou atrasa a sua progressão (ou seja, se o fármaco tem o chamado “benefício clínico”). O Tominersen reduz tanto a huntingtina mutada como a huntingtina saudável. Algumas das questões importantes a colocar são: Quão precocemente poderemos começar a utilizar este fármaco? Que quantidade de huntingtina poderemos reduzir? E durante quanto tempo? Saiba mais sobre este ensaio aqui.

A partir de estudos em animais, sabemos que a huntingtina saudável é importante desde cedo no desenvolvimento da vida. Manter a huntingtina saudável intacta – conhecida como wild-type – pode, por isso, ser importante. Ao contrário da Roche, a companhia farmacêutica Wave Life Sciences está a estudar um fármaco alelo-específico, o que significa que apenas a proteína huntingtina mutada – ou doente – é reduzida. Actualmente, a companhia está a avaliar a segurança do seu fármaco nos ensaios clínicos PRECISION-HD1 e PRECISION-HD2. O fármaco provou ser capaz de reduzir a huntingtina, mas ainda não existem dados que demonstrem que haja uma melhoria nos sintomas da doença. Saiba mais sobre estes estudos aqui.

A companhia farmacêutica uniQure iniciou o primeiro ensaio com terapia genética na doença de Huntington em Junho de 2020. O fármaco a ser testado chama-se AMT-130. É injectado directamente no cérebro, numa única administração, e pretende alterar de forma permanente a nossa constituição genética. Serão 26 as pessoas que participarão neste ensaio, que tem como objectivo primário estudar a segurança do fármaco. O segundo objectivo deste ensaio é estudar a duração do AMT-130 no cérebro. Os resultados preliminares dos dois primeiros participantes neste estudo após 90 dias sugeriram que o fármaco é seguro. Assim, envolveram-se mais dois participantes durante Outubro. Este estudo terá a duração de 5 anos. Saiba mais sobre este estudo aqui.

Para além das abordagens de redução da huntingtina, existem outras abordagens como a do ensaio PROOF-HD. Este ensaio clínico começou em Outubro de 2020 e irá avaliar a eficácia e segurança da pridopidina em doentes com doença de Huntington em estadio inicial. No total, pretende-se a participação de 480 pessoas neste estudo, sendo que o recrutamento ainda está a decorrer. Espera-se que o ensaio PROOF-HD termine em 2023. Saiba mais sobre este ensaio aqui.

Duas companhias farmacêuticas estão actualmente a desenvolver comprimidos que pretendem reduzir a huntingtina: a Novartis e a PTC Therapeutics. A Novartis irá provavelmente iniciar o ensaio clínico em humanos em 2021. Saiba mais sobre este ensaio aqui.

A PTC Therapeutics anunciou o início do seu primeiro ensaio clínico em humanos em Novembro de 2020. Neste ensaio, avaliarão a segurança, tolerabilidade e a melhor dosagem do fármaco em voluntários saudáveis. Os primeiros resultados deste ensaio são esperados na primeira metade de 2021. Saiba mais sobre este estudo aqui.

Finalmente, provavelmente em 2021 iremos ouvir falar mais da companhia farmacêutica Triplet Therapeutics e da sua abordagem que pretende visar a “Expansão de Repetição” – conhecida como instabilidade somática. Estudos genéticos alargados demonstraram que, devido à instabilidade somática, os sintomas da doença de Huntington podem começar bastante cedo no ciclo de vida. Uma pessoa com doença de Huntington que apresentou 42 repetições CAG no teste genético que fez enquanto jovem adulto, poderá, no momento da sua morte, apresentar células no cérebro com 45, 60, 100 ou até 1000 repetições CAG. A companhia Triplet está actualmente a trabalhar a um nível pré-clínico. Contudo, há a possibilidade de a companhia iniciar ensaios clínicos em humanos no final de 2021, início de 2022. Saiba mais sobre este projecto aqui.

Assista à Gravação do Webinar da Associação Huntington Europeia aqui.